quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A semente

...Ao atravessar a rua, uma mulher que conduz uma criança, faz um gesto, e com as costas da mão atinge, ou finge atingir, o rosto da menina.


Do que vi deduzo ter sido uma reprimenda por alguma coisa de errado que ela teria feito momentos antes.


Aproximamo-nos e, ao passar por mim, a garota, em lágrimas, e pasmem, agarrada àquele braço que lhe batera; soluçava.


A, que acredito, mãe; falava de respeito, como se por alguma coisa que: voluntária ou involuntariamente a menina fizera; tivesse lhe faltado com o "respeito".


Havia no rosto daquela senhora um certo sorriso, talvez de zombaria, com a reação da filha; talvez de vergonha por perceber que eu vira a cena.


Não sei traduzir a expressão do rosto dela e sequer sei se ela, de fato, percebeu que a cena fora vista por mim.


Mas, o que quero comentar é a forma de como as punições acontecem. É a falta de respeito para com aquela, geralmente criança, que está sendo punida.


Aquela mãe que, de certa forma, esbofeteou a filha, na rua, por algo de errado que ela tenha feito; plantou, talvez sem querer, uma semente que poderá ou não germinar, naquela criança.


Certamente já agora quando descrevo esta cena, ela sequer se lembre do que lhe aconteceu, mas, por certo, a semente plantada, não.


Só espero que ela não germine.

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