sexta-feira, 17 de novembro de 2017

AO SENADOR ROBERTO REQUIÃO



Fazendo uma gravação ao vivo o Senador Roberto Requião apresentou um credo por ele elaborado, onde conclama a adesão de todos; com a finalidade de uma salvação nacional.

Todos os pontos que o senador diz crer e não crer, neles nada de novo há (criação de empregos, justiça desvinculada da política, imprensa isenta, educação de qualidade, etc...), são itens que devem constar de qualquer governo que se poste, com seriedade, na obtenção do bem e da paz social.

Desmerecer tal intenção ou intenções não é o meu propósito, o que pretendo é mostrar que é tudo, apenas, mais do mesmo. O senador tem sido uma figura impar no congresso desde sempre.

Batalhador, de posições bem definidas, e sempre apresentando caminhos, possibilidades, saídas, porém não encontra eco entre os seus pares.

Está quase sempre só, pelo menos dentro do seu partido. Lembro ter sido dele a primeira voz que se opôs com contundência ao programa agora em execução: "PONTE PARA O FUTURO".
Ouvi pela TV senado o seu pronunciamento, onde contestava todos os pontos ali propostos. À época, não consegui entender o alcance de tanta indignação de sua parte, o que hoje vejo com clareza e, quanta razão ele tinha.

O senador ao conclamar o povo para que adira aos seus credos há de convir que, como disse, é o trivial, é um mínimo necessário para um bom convívio social e exagerando um pouco, ouso dizer: era o que estávamos tendo.

O senador sabe que existe uma força que extrapola a força do povo, que é a força que emana dos 5 ou 10% que detém todo o poder econômico no pais. Esse poder consegue ou conseguiu de forma inteligente articular junto ao povo uma forma de coopta-lo, de traze-lo para as suas hostes.
Fez isso como? como sempre tudo vem sendo feito em nosso país. O povo elege políticos que em sua maioria, como aquele personagem do saudoso Chico Anísio, "ODEIA POBRE".

São a maioria e sequer se apresentam aos seus eleitores de fato. Geralmente se fazem representar por terceiros que virão a ter cargos e as vezes nem isso. De boa fé alguns e por outros interesses uma outra  parte deles, vendem a imagem do representado e, por ele, assume compromissos e faz promessas que jamais virão ser cumpridas.

Caro senador, é angustiante ver o senhor e um pouco mais de meia dúzia dos seus pares defenderem apresentando fatos, incontestáveis na nossa compreensão e, ao mesmo tempo saber que de nada valerá ou valerão os seus esforços. Tudo já está previamente combinado, acertado. Por diversas vezes se flagra na cara dos que irão vencer, o escárnio aos apelos dos senhores.

Há um rosário enorme de derrotas que já nos cansam. O povo só conseguiu, até agora, vencer as eleições; depois disso somente derrotas estão sendo acumuladas.

O povo fez a sua parte, elegeu a presidente. Tudo que veio e ainda está vindo, foram os senhores políticos que decidiram.

A eleição do presidente da câmara, as pautas bomba, a aceitação do impeachment, a derrubada da presidente, o congelamento dos gastos públicos, a reforma trabalhista e em breve, a reforma da previdência que tal qual as outras, se apresentarão razões e motivos que a inviabilizam, mas que tanto como as outras, será aprovada; porque aqueles que votarão já estão devidamente cooptados, para não dizer: comprados.
É este meu caro senador o quadro que deve existir na cabeça de quantos, como eu, vem acompanhando esta "via crucis".

Louvo a sua garra, a sua tenacidade, a sua crença nessa busca por uma saída para este nosso problema; mas, o que para nós é problema, está sendo a solução para os que estão detendo o poder. Pois, só se fortificam a cada dia,  se enraízam, se expandem.

Caro senador, há que se encontrar caminhos, eles devem existir, torço para que ele ou eles surjam antes que o pior aconteça, antes que uma nova nuvem escura sobre nós caia, pois pairando ela já está, faz um bom tempo.















quinta-feira, 16 de novembro de 2017

UM BREVE COMENTÁRIO SOBRE "RACISMO"






Tratei na minha postagem RETORNO, entre outros temas, do "racismo".

Este assunto que assumiu grande evidência, após um conceituado âncora da globo ter sido gravado, um ano atrás, fazendo comentários de cunho racista quando se preparava para gravar o seu programa, em frente à Casa Branca, onde iria fazer a cobertura das eleições presidenciais naquele país.

Fiquei intrigado com o motivo da demora de um assunto desse, de certa forma grave, demorar tanto tempo para vir à público. O termo "de certa forma" que uso, merece um apêndice, uma explicação.

Vamos primeiro ao fato: Enquanto o âncora e seu entrevistado estavam se pondo a postos para o início da entrevista, a equipe técnica tanto no local, como aqui no Brasil, ajustava os equipamentos. Eis que se ouve ao longe um som de buzina estridente e constante. O âncora, que já estava quase pronto para a gravação, se volta na direção de onde o som esta sendo gerado, vê quem está buzinando e olhando para o seu entrevistado diz: COISA DE PRETO.
O colega não entende ou faz que não entende e o âncora, agora rindo e com ar de deboche, repete o que houvera dito, e os dois riem.
O operador do som, um negro, teve este áudio gravado em seu equipamento.  Surpreso com o comentário racista que acabara de ouvir, comentou com os colegas sobre o que havia gravado mas não encontrou receptividade para levar o caso adiante.
Esse comportamento se enquadra naquela condição que tratei na postagem referida onde as piadas eram feitas e entendidas como brincadeiras, de mau gosto, mas brincadeiras. E que hoje já existe uma reação por parte de quem se sente ofendido ou injuriado com tais comportamentos.
O operador dá uma série de justificativas para o assunto não ter ido adiante, inclusive a de que o equipamento fora perdido.
Agora um ano depois e já fora da emissora (fora demitido) consegue recuperar as imagens e o som e trouxe o assunto para a vitrine.
Existem outros detalhes sobre como tudo isto aconteceu mas não é importante para o que pretendo comentar.

O racismo entre nós sempre existiu e sempre foi aceito e tolerado como natural. Desde casa,   passando pela escola e até no trabalho, esse comportamento só se acentua. Ultimamente o assunto tem se feito presente em quase todos as redes sociais. Tenho lido e visto toda espécie de explicação para tais comportamentos.

"Somos todos mestiços" ouvi sendo dito por ninguém menos do Chico Buarque ao ser entrevistado a respeito da repercussão do tema. Ele foi mais além dizendo que depois de tanto tempo ninguém no Brasil pode se dizer branco. Disse também que por motivo desse seu posicionamento, ao entrar por estes dias em um restaurante, certamente chique, foi surpreendido por uma senhora, segundo ele "com os cabelos pintados de amarelo" que gritou, de certo, em sua direção: "eu sou branca", ele não disse e se disse não percebi, apenas olhou e riu.
Esses comentários eram feitos a propósito do que ele diz enfrentar, por ter uma das filhas casada com um negro e por consequência a descendência a partir daí traz a marca explícita e sujeita às gracinhas geralmente sem graça. Ele fazia a defesa da mestiçagem de forma ardorosa e consciente.

Nesse ponto concordo pois faço parte dessa, maioria/minoria, que enfrenta desde sempre este problema. Me permito fazer uso de uma entrevista concedida ao jornalista Paulo Henrique Amorim ao seu programa "conversa afiada", pelo professor Fabio Konder Comparato onde fala em seu livro a Origem da Oligarquia Brasileira - uma visão histórica -  de casos e situações que explicam de onde vem tanto ranço.

Essa entrevista está dividida em três partes, nessa primeira parte o jornalista questiona dele como explicar essa origem e como ela nos afeta nos dias de hoje principalmente na parte do racismo.
Segundo ele tudo vem de como foi iniciada a colonização onde o desprezo pelo índio e pelo negro por parte dos poderosos de então, deu o tom de toda essa situação contemporânea.
Claro que o livro trata do assunto com profundidade, o que me interessa ressaltar é como foi difundido e aceito por parte dos escravizados primeiro, e pelos seus descendentes depois, desse jugo que, de forma diferente, acontece ainda.
Se fala da síndrome de Estocolmo que é aquela onde um sequestrado ao final se torna amigo e defensor do sequestrador. Acho que aqui se deu esse fenômeno pois não era difícil se encontrar entre negros quem valorizasse, defendesse e até justificasse todas as arbitrariedades que se fazia e ainda se faz.
Senão, como justificar tanto acobertamento e tantas injustiças que às escancaras acontecem e por isso mesmo ficam; sem que haja a devida reação por parte dos que estão sendo ofendidos. Muitos deles agem como se não estivessem fazendo parte do todo.

O Chico, na entrevista a qual me referi, dá a entender que a não existência dos brancos é, de certa forma, como se fossem diferentes. E é a isso (ser diferente) que me contraponho; não consigo ver o ser humano diferente um do outro.

Vejo, e é natural, que origens diferentes e educações diferentes conduziram a humanidade aos mais diversos destinos e motivações. Não vejo na mestiçagem ou na falta dela, qualquer acréscimo ou decréscimo a este o àquele grupo.

O momento está muito propício para o aprofundamento deste tema, na próxima semana (dia 20 de novembro) se comemora o dia da consciência negra. Será uma boa ocasião para se aprofundar e discutir o que é necessário ser feito para que esta nódoa que existe e que resiste, seja enfrentada sem hipocrisia.


sexta-feira, 3 de novembro de 2017

RETORNO

Depois de longo tempo consegui reabilitar este endereço que usava de forma regular anos atrás mas por imposições alheias à minha vontade tive que me ausentar.

Bom, este blog foi criado com a intenção de acompanhar os acontecimentos de qualquer ordem que se fizessem interessantes, a meu juízo, para serem comentados, analisados, criticados, etc...

por estes dias e a propósito do momento que estamos vivendo fiz um comentário que transcrevo aqui como meu retorno. Ei-lo:


Estamos vivendo um clima de convulsão social, está havendo quase uma ruptura de classes.

Sempre tivemos discriminação de todas as espécies, principalmente de cor, mais do que de raça.
As piadas racistas sempre existiram. Se fazia piada com portugueses e com negros.
Eram piadas todas risíveis, toleráveis por todos que eram alcançados por elas. Se convivia bem, apesar de serem, todas elas, infames; eram, toleradas e aceitas.

No Brasil de hoje, do politicamente correto, isto já não se dá mais. Nem nos grupos, onde há certa intimidade dos participantes, esta tolerância não há mais.
Os portugueses aos poucos foram reagindo às brincadeiras e piadas sem graça. Os negros também, embora com menos força, porém com o auxílio de leis, foram tornando essa prática ilegal; mesmo que, como se dizia, na brincadeira. O certo é que aquilo que até então era aceito como brincadeira hoje já não é mais tolerado.

O Brasil de hoje é triste e sem cor. Passamos por uma fase de crescimento com melhorias no campo social. Foi de forma pouco expressiva porém consistente, trazendo para os de menor poder aquisitivo uma melhora de vida, um pouco mais de dignidade em forma de bens materiais (utensílios domésticos), condições de moradia, educação e até lazer.
Um fato que era comum nas periferias, eram os mendigos; quer fossem nas residências (uma esmolinha pelo amor de Deus) ou às portas dos mercados (pague este pacote de fubá por favor), deixaram de existir enquanto durou o governo que deu atenção às causas sociais.

Durante este tempo, com o pouco que se fez, se permitiu chegar aos menos favorecidos um Brasil mais cordato, alegre e quase feliz. Neste período ficou muito difícil se conseguir empregados tanto na cidade (domésticos/as) como no campo (peões para lavoura).

Nesse novo panorama social onde a mão de obra embora ainda continuasse barata para aqueles que eram ricos de verdade, já afetava àqueles que apenas se achavam ricos e que representam uma grande parcela da população economicamente ativa. Encontrar empregadas domésticas ficou caro e escasso, no campo também isto aconteceu.

As políticas sociais então passaram a ser demonizadas, culpadas e atacadas pelos setores (classe média, média e média alta) que se sentiram prejudicadas por essa ascensão dos "de baixo". Passaram a frequentar lugares que, antes, só a eles eram reservados (restaurantes e aeroportos) e, em quantidade tal que chegaram, alguns, a protestarem abertamente tal "injúria"; viajar no mesmo avião que o porteiro do prédio em férias, se encontrar no mesmo restaurante que o mecânico da esquina.

Foram estas mudanças que, dentro de uma década transformou o Brasil de um país alegre (apesar da pobreza então existente) em um país raivoso e até odiento dos dias de hoje, É simplista esta explanação reconheço, no entanto, é verdadeira.

Muita verdade teve que ser abstraída par que não se tornasse prolongado o texto. Há porém, nas entrelinhas, todo um contexto que nos trouxe até este momento onde o ódio tem se feito presente em todos os lugares e em todas as classes.